quarta-feira, 13 de abril de 2011

B A S T I D O R


B A S T I D O R - 13 abril a 15 de maio de 2011 Criciúma

O acesso ao trabalho artístico, de modo geral, ocorre apenas quando uma música é executada, um livro chega às livrarias ou uma peça é encenada. A noção de “obra” acaba por velar, par
a o público em geral, uma série de procedimentos envolvidos no pensamento e na fatura artística. Não obstante, o carnaval tem muito a ensinar aos artistas e produtores culturais: desde a composição do samba-enredo até os ensaios da bateria, partilha-se com a comunidade a realização do trabalho (isso sem falar no momento em que o bloco vai para a rua, a escola para a avenida...).




As artes plásticas, historicamente, mantiveram uma relação burocrática com o espectador que só era convidado a admirar as obras de arte no vernissage (termo francês para designar o momento em que os pintores aplicam o verniz sobre a tela, assinalando que a obra está finalizada, pronta para ser vendida e visitada pelo público). É evidente que esta relação vem se alterando cada vez mais à medida que o trabalho artístico passou a incluir elementos múltiplos da experiência estética.


A presente mostra explora dimensões menos conhecidas – o antes e o depois – daquilo que se intitula “obra” (e que, cada vez mais a arte contemporânea, num sintoma da relação pragmática que se estabeleceu com a poética, entende por “trabalho”). Não por acaso, o título “Bastidor”. De uma parte, faz-se uso da noção teatral: aquilo que está fora do alcance do público (por isso mesmo a exposição se alastra pelo palco e pelos bastidores do teatro). De outra parte, o sentido simbólico relacionado ao poder: são os bastidores da política, do jornalismo, do capital (e, porque não, do circuito das artes) que decidem, quase sempre, os rumos de determinado acontecimento.


Os trabalhos de Alan Cichela, Clóvis Ferrari, CTRL J, Iêda Topanotti, Rosimeri Antunes e Vitor Maccari se encontram nesta dimensão de anterioridade própria aos estudos e esboços. Evidentemente, não se poderia deixar de fora a obra propriamente dita. Para tanto, a galeria foi ocupada por Alexandre Antunes, Daniele Zacarão, Elke Hülse, Janor Vasconcelos e Joelson Bugila (que habita o limiar entre o dentro e o fora). Por último, uma espécie de epílogo. A obra de Berenice Gorini, que após processo de institucionalização (o acervo pertence à Fundação Cultural de Criciúma e outrora ocupava o espaço da Galeria Octávia Gaidzinski), atravessa um momento delicado em relação à conservação e à exposição. Com isso, apresenta-se um panorama do atual circuito das artes visuais na cidade de Criciúma.

Fernando Boppré - Curador

Realização

SESC Criciúma

Fundação Cultural de Criciúma

Governo do Município de Criciúma

Mostra coletiva Projeto Arte na Cidade Artes Visuais – Exposição Bastidor - de 13 abril a 15 de maio de 2011 Criciúma
Obra: Caderno de Ideias - Curadoria Fernando Boppré - SC

http://galeriafcc.blogspot.com.br/2011/05/b-s-t-i-d-o-r.html






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